Pouco diagnosticada e tratada, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) tem alta prevalência e mortalidade no Brasil. Entenda o que é, como reconhecer os sintomas e quais são as opções de tratamento disponíveis.
A DPOC é uma doença que causa obstrução das vias respiratórias, geralmente provocada pelo tabagismo, pela exposição à fumaça de lenha e pela poluição do ar.
Cerca de 300 milhões de pessoas vivem com a doença em todo o mundo. No Brasil, a prevalência é alta: 16% dos adultos acima de 40 anos apresentam DPOC, e 70% dos casos não são diagnosticados.
Atualmente, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é a terceira principal causa de morte no mundo, representando um grande desafio para a saúde pública. Além disso, o custo social e econômico é elevado, devido às hospitalizações e à perda de produtividade provocadas pelas crises respiratórias (exacerbações).
Sintomas da DPOC
Entre os adultos latino-americanos acima de 35 anos, cerca de 8,9% apresentam sintomas da DPOC.
Os sinais mais comuns incluem:
- Tosse seca ou com catarro
- Falta de ar, especialmente durante atividades físicas
- Chiado ou “assobio” ao respirar (sibilos)
- Sensação de aperto no peito
- Cansaço excessivo (fadiga)
- Perda de peso involuntária
Com o tempo, os sintomas da DPOC podem se agravar, dificultando a realização de tarefas simples do dia a dia. Durante as exacerbações, a respiração se torna ainda mais difícil, podendo exigir atendimento médico urgente.
Diagnóstico da DPOC
Existem duas formas principais de DPOC:
- Bronquite crônica, caracterizada por tosse persistente com muco.
- Enfisema pulmonar, que causa destruição progressiva do tecido pulmonar (parênquima).
Muitas pessoas apresentam uma combinação das duas condições.
Como os sintomas da DPOC se desenvolvem lentamente, é comum que o diagnóstico demore. O exame mais utilizado é a espirometria, que mede o fluxo de ar nos pulmões. O paciente sopra com força dentro de um aparelho, permitindo identificar a obstrução respiratória.
Apesar de ser um método simples e eficaz, a espirometria ainda é pouco utilizada na atenção primária no Brasil.
Outros exames, como a gasometria arterial (para avaliar oxigênio e gás carbônico no sangue) e a tomografia computadorizada, também ajudam na confirmação do diagnóstico.
Além disso, existem questionários clínicos que avaliam o estágio da DPOC, e o estetoscópio pode detectar sibilos durante a ausculta pulmonar.
Tratamento da DPOC
A DPOC é mais comum em homens, fumantes e ex-fumantes. Pacientes com a doença frequentemente apresentam comorbidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer de pulmão, pneumonia e até complicações pós-COVID-19.
O tratamento da DPOC inclui diferentes medicamentos, como broncodilatadores, corticoides inalatórios e antibióticos.
Um estudo realizado na Bahia mostrou que 60% dos pacientes usam entre 2 e 3 medicamentos por dia para controlar os sintomas da DPOC, e 25% precisam de até 4 fármacos para estabilizar a condição.
A adesão ao tratamento prescrito pelo pneumologista é essencial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida.
Como viver melhor com essa Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Além do tratamento médico, alguns hábitos ajudam a controlar a DPOC e a diminuir as crises respiratórias:
- Evite exposição ao frio intenso ou ao calor excessivo.
- Não permita que ninguém fume dentro de casa.
- Reduza a poluição doméstica e elimine o uso de lenha ou outras fontes de fumaça.
- Cuide do seu estado emocional e reduza o estresse.
- Use oxigênio suplementar se o médico recomendar.
- Mantenha uma alimentação equilibrada, com peixes, carnes magras, frutas e verduras.
Com o acompanhamento médico adequado e mudanças no estilo de vida, é possível viver melhor com DPOC e reduzir significativamente os sintomas e complicações.
Descubra os tratamentos em estudo para a DPOCFontes:
- Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD). Estratégia global para o diagnóstico, tratamento e prevenção da DPOC (Relatório 2024).
- Martins, S.M. et al. Accuracy and economic evaluation of screening tests for undiagnosed COPD among hypertensive individuals in Brazil. npj Prim. Care Respir. Med. 32, 55 (2022).
- Menezes, A. M. et al. Chronic obstructive pulmonary disease in five Latin American cities (PLATINO study). The Lancet (2005).
- Sarno Filho, M. V. et al. Clinical-Epidemiological Profile of Patients With COPD Treated at a Brazilian University Hospital. Cureus (2024).







