Na América Latina, o câncer de mama é o tumor mais frequente em mulheres e sua mortalidade continua aumentando. A detecção precoce e os tratamentos inovadores são fundamentais para mudar essa tendência.
O câncer de mama registra mais de 2 milhões de novos casos por ano em todo o mundo e causa mais de 670 mil mortes anuais. Na América Latina, é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres e está aumentando tanto em incidência quanto em mortalidade.
Atualmente, mais de 210 mil mulheres desenvolvem câncer de mama e cerca de 60 mil morrem todos os anos na região latino-americana. Em 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número anual de mortes ultrapassará 73.500. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), os casos de câncer aumentarão 50% entre 2020 e 2040, enquanto as mortes crescerão 64%.
Cerca de 99% dos casos de câncer de mama afetam mulheres e apenas 1% atingem homens. Na região, há uma proporção significativa de mulheres jovens acometidas pela doença e muitos tumores são triplo-negativos ao microscópio, o que significa que são mais difíceis de tratar. Aqui, 32% das pacientes têm menos de 50 anos, enquanto na América do Norte esse grupo representa apenas 19%.
América Latina: como o diagnóstico precoce pode ser a chave no câncer de mama
O câncer de mama geralmente se manifesta como um nódulo indolor na mama. É fundamental que as mulheres que identifiquem um caroço procurem um profissional de saúde o quanto antes, mesmo que não haja dor. O câncer pode surgir nas células que revestem os ductos que transportam o leite (85%) ou nos lóbulos (15%) do tecido glandular da mama.
O diagnóstico precoce por meio de mamografias e ultrassonografias reduziu em 40% a mortalidade nos países desenvolvidos entre 1980 e 2020. Mas em países menos favorecidos, a situação é diferente. Na América Latina, o tempo médio até o diagnóstico é de pelo menos quatro meses, enquanto nos Estados Unidos leva apenas algumas semanas para confirmar um câncer de mama. O acesso a mamografias e a tratamentos de última geração ainda é limitado.
Entre 80% e 90% das mulheres diagnosticadas em estágios iniciais da doença (estágios I e II) estão vivas após cinco anos e apresentam bom prognóstico. No entanto, na América Latina, a maioria dos cânceres de mama é detectada em estágios avançados (III e IV), muitas vezes já com metástases.
Ensaios clínicos mostraram que o rastreamento com mamografia em mulheres de 50 a 69 anos pode reduzir em 23% a mortalidade. A meta da OMS é diminuir a mortalidade global em 2,5% ao ano, o que evitaria 2,5 milhões de mortes de mulheres até 2040. Para isso, é essencial investir em diagnóstico precoce e em terapias com os medicamentos mais avançados.
Referências bibliográficas
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