Anvisa aprova Elahere, novo tratamento para câncer de ovário resistente à quimioterapia, mostrando sobrevida prolongada e resposta tumoral melhor. Descubra quem pode se beneficiar e os próximos passos para acesso.
O câncer de ovário tratamento ganhou um importante avanço no Brasil: a Anvisa aprovou o registro do Elahere (mirvetuximabe soravtansina), o primeiro tratamento direcionado para pacientes com câncer de ovário resistente à quimioterapia à base de platina. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, abrindo caminho para uma nova opção terapêutica para quem não responde mais às terapias padrões.
Essa terapêutica é indicada para pacientes adultos com câncer epitelial de ovário, de trompa de Falópio ou peritoneal primário, que apresentem tumor positivo para o receptor alfa de folato (FRα), e que receberam de um a três tratamentos sistêmicos anteriores. A resistência à platina, comum nessa população, ocorre geralmente dentro de seis meses após a conclusão do tratamento quimioterápico.
Como funciona e resultados do novo tratamento para câncer de ovário
O Elahere é um conjugado anticorpo-fármaco (ADC): ele combina um anticorpo que se liga ao receptor FRα nas células tumorais com uma carga quimioterápica (o DM4), que é liberada diretamente onde pode matar as células do câncer, poupando em maior parte as células saudáveis. O mecanismo permite uma “entrega precisa” do medicamento, funcionando como uma espécie de “cavalo de Troia” contra o tumor.
No estudo clínico de fase III denominado MIRASOL, com 453 participantes, o uso de Elahere demonstrou benefícios significativos: sobrevida livre de progressão da doença de cerca de 5,6 meses, na comparação com aproximadamente 4 meses no grupo tratado com quimioterapia tradicional. A sobrevida global também foi superior — cerca de 16,46 meses no grupo com a nova droga vs 12,75 meses com quimioterapia. Além disso, a taxa de resposta objetiva (redução do tumor) foi muito mais alta no grupo do tratamento direcionado.
Implicações, limitações e próximos passos no tratamento
Esse avanço no câncer de ovário tratamento representa esperança para pacientes que antes tinham poucas opções após a falha da quimioterapia padrão à base de platina. Mesmo assim, alguns desafios permanecem: até o momento, o Elahere ainda não está incluído no rol de medicamentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) nem no SUS (Sistema Único de Saúde), o que limita o acesso para muitas pacientes.
Também é necessário que as pacientes façam um exame específico (imuno-histoquímica) para saber se o tumor expressa níveis altos do receptor FRα, requisito para que o tratamento seja eficaz. Aproximadamente de 30% a 40% dos carcinomas serosos de alto grau se enquadram nessa categoria. Os efeitos colaterais são reais, incluindo visão turva, fadiga, náusea, dentre outros, embora efeitos graves de grau elevado sejam raros.
Fontes
- UOL – “Tratamento para câncer de ovário resistente à quimioterapia é aprovado” noticias.uol.com.br
- Portal Afya – cobertura detalhada sobre uso de câncer de ovário tratamento portal.afya.com.br
- TribemMD – resultados do estudo clínico MIRASOL TribeMD
- ES Hoje – implicações para o SUS e ANS