Um novo estudo mostra que é possível detectar o câncer no sangue até três anos antes do diagnóstico clínico. Entenda como essa descoberta pode mudar o futuro da saúde.
Uma simples amostra de sangue pode identificar mutações genéticas relacionadas ao câncer até três anos antes de qualquer sintoma ou sinal clínico. É o que revela um estudo liderado por cientistas da Universidade Johns Hopkins, publicado na revista Cancer Discovery em maio de 2025.
A descoberta foi possível graças à análise de material genético liberado por tumores na corrente sanguínea. Esse avanço representa uma enorme promessa para melhorar o diagnóstico do câncer, possibilitando a detecção precoce e aumentando significativamente as chances de tratamento e cura.
Como os cientistas conseguiram detectar o câncer tão cedo?
Os pesquisadores analisaram amostras do estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities), uma iniciativa financiada pelo governo dos EUA para estudar doenças cardiovasculares. Eles compararam exames de sangue de 52 pessoas — metade foi diagnosticada com câncer meses após a coleta e a outra metade não.
Usando técnicas avançadas de sequenciamento, a equipe conseguiu identificar mutações tumorais em amostras coletadas mais de três anos antes do diagnóstico. Em oito dos casos, um teste de detecção precoce de múltiplos cânceres (MCED) já havia dado positivo antes mesmo de surgirem os primeiros sintomas.
O que são os testes MCED?
Os testes MCED (Multi-Cancer Early Detection) conseguem detectar sinais de diversos tipos de câncer a partir de uma única amostra de sangue. Eles funcionam mesmo sem saber previamente qual tipo de câncer procurar e são muito menos invasivos que os métodos tradicionais.
“Este estudo mostra o potencial dos testes MCED para detectar cânceres muito precocemente e define os níveis de sensibilidade necessários para seu sucesso”, explicou o Dr. Bert Vogelstein, co-diretor do Ludwig Center da Johns Hopkins.
Mais tempo para agir significa mais chances de cura
Ter três anos de vantagem no diagnóstico do câncer pode ser crucial. Quando descobertos no início, os tumores são menos agressivos, mais fáceis de tratar e têm menor chance de se espalhar para outras partes do corpo.
“Três anos de antecedência oferecem tempo para intervir. Nessa fase, os tumores ainda são menos avançados e mais curáveis”, disse o Dr. Yuxuan Wang, autor principal do estudo.
Apesar da empolgação, os especialistas alertam que ainda é necessário definir como será o acompanhamento clínico após um teste MCED positivo, principalmente em pessoas sem sintomas.
Quando esses testes estarão disponíveis para o diagnóstico de câncer?
Embora a descoberta seja promissora, os testes MCED ainda estão em fase de pesquisa e validação. Será preciso realizar estudos maiores antes de serem aprovados para uso clínico em larga escala. No entanto, este avanço marca um passo importante rumo a uma medicina mais preventiva, personalizada e eficaz.
Esses testes podem representar uma mudança de paradigma no diagnóstico do câncer, reduzindo o número de diagnósticos tardios e aumentando a sobrevida dos pacientes.
Fontes:
- Johns Hopkins Medicine
- Cancer Discovery (2025)
- Declarações dos Drs. Yuxuan Wang, Bert Vogelstein e Nickolas Papadopoulos, da Universidade Johns Hopkins