Vacina experimental contra câncer de pâncreas e colorretal mostrou respostas imunológicas duradouras e seguras em estudo clínico. Está em andamento a fase II.
A vacina contra câncer de pâncreas e colorretal ELI-002 2P apresentou resultados animadores em um estudo clínico de fase I, trazendo esperança para pacientes que enfrentam dois dos tumores mais agressivos. A pesquisa, publicada na revista Nature Medicine, foi conduzida por especialistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do MD Anderson Cancer Center e do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, com apoio da empresa de biotecnologia Elicio Therapeutics, sediada em Boston.
Diferente de outras imunoterapias altamente personalizadas, a ELI-002 2P não precisa ser adaptada individualmente para cada paciente. Essa característica permite que seja produzida em maior escala. Além disso, pode ser aplicada de forma mais ágil, o que abre caminho para uma possível utilização clínica ampla.
Como funciona essa vacina no câncer de pâncreas e colorretal?
A vacina ELI-002 2P é uma imunoterapia que mira mutações específicas do gene KRAS, presentes em grande parte dos cânceres de pâncreas e colorretal. Ela utiliza uma tecnologia inovadora chamada amphiphile (AMP), que se liga à albumina — proteína mais abundante no sangue — e direciona os componentes da vacina diretamente para os linfonodos, onde se ativa a resposta imunológica.
Esse mecanismo inovador, apelidado de “autostop imunológico”, potencializa a ativação das células T CD4+ e CD8+, que desempenham papel essencial na defesa do organismo contra células tumorais.
Principais resultados do estudo de fase I
O estudo envolveu 25 pacientes: 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal, que já haviam passado por cirurgia e tratamento padrão, mas ainda apresentavam doença residual. O esquema de aplicação incluiu seis doses em oito semanas, seguido de uma pausa e depois doses de reforço.
Após 8,5 meses de acompanhamento, 84% dos pacientes desenvolveram uma resposta imune significativa contra as mutações de KRAS. Já em quase 20 meses, 71% ainda mantinham essa resposta ativa, o que demonstra imunogenicidade sustentada. Além disso, cerca de 67% dos participantes apresentaram o chamado antigen spreading, ou seja, uma resposta ampliada também contra outras mutações tumorais.
Segurança e tolerabilidade da vacina para câncer de pâncreas e colorretal
Outro aspecto positivo foi o perfil de segurança da vacina. Não foram observados efeitos colaterais graves, e os eventos adversos registrados foram leves e controláveis. Isso reforça o potencial de uso da ELI-002 2P em pacientes fragilizados que enfrentam risco de recaída.
Próximos passos: estudo de fase II
Com base nesses resultados, a pesquisa avançou para um estudo clínico de fase II, chamado AMPLIFY-7P. Nesta etapa, a vacina será ampliada para atingir até sete mutações do gene KRAS e será testada em um número maior de pacientes, com grupos comparativos, para validar de forma mais robusta sua eficácia.
Se os bons resultados forem confirmados, a ELI-002 2P poderá se tornar uma ferramenta importante para reduzir recaídas em cânceres agressivos associados às mutações KRAS, como o de pâncreas, colorretal e outros.
Conclusão
A vacina contra câncer de pâncreas e colorretal ELI-002 2P pode representar um novo marco na imunoterapia oncológica. Assim, ao demonstrar eficácia, segurança e a possibilidade de produção em larga escala, ela abre caminho para transformar a forma como esses tumores são tratados.