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Nova droga experimental contra déficits cognitivos na esquizofrenia

Publicado hace 2 años por Un ensayo para mí

Descubra como funciona o iclepertine, que poderá auxiliar a restaurar o aprendizado, a memória e o conhecimento social em pacientes com esquizofrenia.

Nova droga experimental contra déficits cognitivos na esquizofrenia

As causas da esquizofrenia, a mais grave doença psiquiátrica conhecida, ainda são debatidas. Uma das hipóteses mais fortes é que isso se deve a um desequilíbrio de certos neurotransmissores, moléculas responsáveis por transportar mensagens entre as células nervosas (neurônios).

Dois neurotransmissores são fundamentais na esquizofrenia: a dopamina e o glutamato. Por um lado, a dopamina está associada aos chamados “sintomas positivos” experimentados pelos pacientes: alucinações e delírios. A maioria dos medicamentos “antipsicóticos” agem neste caminho da dopamina. Por outro lado, o glutamato parece estar envolvido nos “sintomas negativos” da esquizofrenia: falta de motivação, apatia, distanciamento social, expressão emocional limitada, e também perda da função cognitiva.

Várias drogas foram projetadas para modular a recepção do glutamato em diferentes partes do cérebro: no lobo frontal do córtex cerebral; no sistema límbico que regula as emoções; no hipocampo envolvido na memória; e na glia, um tecido nervoso de suporte formado por células em forma de estelato.

Em particular, as drogas experimentais que modulam o receptor de glutamato NMDAR em astrocitos, uma das células de apoio que estão em permanente “diálogo” com os neurônios ao seu redor, são atualmente de particular destaque. É aqui que as drogas inovadoras para remediar os déficits cognitivos na esquizofrenia são destinadas.

Meta do glutamato

O sistema de sinalização bioquímica que ativa o receptor NMDAR para transmitir mensagens nervosas é muito complexo. Além do glutamato, que tem uma função excitatória, outro aminoácido muito simples, chamado “glicina”, é necessário para ativar o receptor NMDAR nas células nervosas em certas regiões do cérebro.

os aminoácidos – glutamato e glicina – tendem a manter uma concentração muito delicada no espaço entre os neurônios (sinapses). Esta concentração pode ser manipulada de várias maneiras para melhorar a função dos receptores de glutamato, que são alterados na esquizofrenia.

Aumentar a disponibilidade desses aminoácidos no espaço sináptico – inibindo as moléculas que os transportam de volta às células nervosas – poderia contrabalançar os déficits cognitivos dos pacientes esquizofrênicos, esperam os pesquisadores. As drogas direcionadas poderiam melhorar a transmissão nervosa, a plasticidade dos neurônios para estabelecer novas conexões cerebrais, memória, aprendizagem e outras funções cognitivas. A cognição social dos pacientes também poderia ser restaurada, permitindo-lhes relacionar-se com outros e participar de atividades laborais e educacionais.

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Pesquisa na América Latina


O estudo CONNEX, que está sendo realizado em vários países do mundo, descobrirá se um novo medicamento – tecnicamente conhecido como inibidor do transportador de glicina GlyT1 – é eficaz e seguro para melhorar a recepção do glutamato em certas regiões do cérebro e restaurar as funções cognitivas afetadas pela esquizofrenia. Desta forma, os pacientes poderiam usar a droga inovadora junto com as drogas antipsicóticas tradicionais para ganhar independência e realizar atividades diárias.

Nesta pesquisa médica, aprovado por comitês globais de ética, um grupo de pacientes esquizofrênicos de ambos os sexos receberá uma pílula diária contendo o composto BI 425809 – chamado “iclepertine” e desenvolvido pelo laboratório Boheringer Ingelhelm – por 26 semanas, juntamente com sua medicação regular. Enquanto isso, um grupo semelhante receberá um placebo. Antes e depois do julgamento, eles serão submetidos a vários testes neurocognitivos.

Os voluntários para esta pesquisa devem ter entre 18 e 50 anos, ter sido diagnosticados por um especialista e estar em um estado estável. A participação de um cuidador é essencial para manter o compromisso durante o período experimental (8 meses). A pesquisa de iclepertine em fase 3 será conduzido em clínicas especializadas em todo o mundo, assim como no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México.

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Referências bibliográficas

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