A dor crônica afeta grande parte das pessoas com lúpus eritematoso sistêmico. Entenda por que ela ocorre, como impacta o dia a dia e quais são as estratégias mais eficazes para enfrentá-la.
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode afetar diferentes órgãos e sistemas do corpo. No entanto, um de seus sintomas mais comuns — e frequentemente invisível — é a dor crônica. Ao contrário da dor aguda, a dor crônica no lúpus pode persistir mesmo quando a inflamação está controlada, impactando profundamente a qualidade de vida.
Neste artigo, você vai entender por que o lúpus pode causar tanta dor, quais são os impactos físicos e emocionais e quais estratégias integradas ajudam a enfrentá-la.
Por que o lúpus dói tanto?
A dor no lúpus não vem apenas da inflamação nas articulações ou tecidos. Pesquisas mostram que o sistema nervoso também pode processar de forma alterada os sinais de dor, fazendo com que o cérebro a perceba de maneira mais intensa — mesmo em momentos de remissão da doença.
Esse fenômeno, conhecido como dor neuropática ou sensibilização central, é um dos grandes desafios no tratamento do lúpus e pode exigir abordagens diferentes daquelas usadas para controlar a inflamação.
Impacto da dor crônica na qualidade de vida
A dor contínua interfere em diversas áreas da vida de uma pessoa com LES:
- Limitações na mobilidade e nas atividades do dia a dia.
- Dificuldade para manter a rotina de trabalho ou estudo.
- Problemas para dormir.
- Efeitos emocionais, como ansiedade, depressão e estresse.
Tudo isso pode criar um ciclo difícil de quebrar, onde a dor piora o emocional e o emocional intensifica a dor. Por isso, é essencial tratar a dor de forma ampla.
Manejo da dor no lúpus: um olhar multidisciplinar
Controlar a dor crônica no lúpus vai além dos anti-inflamatórios. As estratégias mais recomendadas incluem:
- Medicamentos neuromoduladores: Antidepressivos e anticonvulsivantes que atuam no sistema nervoso central para reduzir a dor neuropática.
- Fisioterapia e movimento adaptado: Exercícios leves e orientados que ajudam na mobilidade e aliviam o desconforto.
- Terapia psicológica: Apoio emocional e técnicas cognitivas ajudam no enfrentamento da dor.
- Práticas complementares: Acupuntura, meditação e mindfulness podem trazer alívio para algumas pessoas.
- Educação em saúde: Conhecer a origem da dor e as opções de tratamento melhora o autocuidado e o bem-estar.
O que diz a ciência?
Estudos recentes indicam que a combinação de diferentes abordagens (médicas, físicas e emocionais) é mais eficaz para aliviar a dor no lúpus do que o uso isolado de medicamentos.
Além disso, um novo estudo clínico de fase 3 está em andamento para avaliar a eficácia de uma molécula no tratamento do lúpus eritematoso sistêmico, com foco na redução dos surtos e dos sintomas persistentes, como a dor. O estudo inclui participantes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.
Se essa molécula for considerada segura e eficaz, poderá se tornar uma nova opção de tratamento para pessoas com LES em diversos países da América Latina.
Apesar dos desafios, com informação de qualidade, uma rede de apoio sólida e o avanço da ciência, é possível viver de forma plena mesmo com lúpus.
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A dor crônica é um dos maiores desafios enfrentados por pessoas com lúpus eritematoso sistêmico. Reconhecer que essa dor vai além da inflamação e requer uma abordagem abrangente é fundamental para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Se você tem lúpus e sofre de dor persistente, não hesite em conversar com seu médico sobre as opções disponíveis. O gerenciamento multidisciplinar pode fazer uma grande diferença.
Fontes
- Lupus Foundation of America
- NIH – Instituto Nacional de Artrite e Doenças Musculoesqueléticas e de Pele (NIAMS)
- Palagini L et al. (2016) “Pain in systemic lupus erythematosus: A clinically relevant symptom or just a manifestation of fibromyalgia?”