Um novo estudo na Espanha avalia um tratamento para linfoma B que se adapta à resposta de cada paciente. A proposta pode melhorar a eficácia e reduzir efeitos colaterais.
O Grupo Espanhol de Linfomas e Transplante de Medula Óssea (GELTAMO) e a biofarmacêutica AbbVie deram início ao estudo clínico REPIFIR, que tem como objetivo melhorar o tratamento do linfoma B de células grandes em pacientes que sofreram recaída ou não responderam bem a tratamentos anteriores. A proposta é ajustar a terapia de acordo com a resposta de cada paciente, oferecendo uma abordagem mais eficaz e segura.
O estudo será realizado em 15 hospitais da Espanha e testará a eficácia do epcoritamabe, um anticorpo biespecífico que estimula o sistema imunológico. O diferencial do estudo está na adaptação do tratamento: se o paciente apresentar boa resposta, a terapia poderá ser interrompida; se a resposta for insuficiente, a intensidade será aumentada. Isso representa um passo importante rumo à medicina personalizada.
Como funciona esse tratamento para o linfoma B
O ensaio REPIFIR é coordenado pela Dra. Mariana Bastos, do Hospital Gregorio Marañón (Madri), e pelo Dr. Pau Abrisqueta, do Hospital Vall d’Hebron (Barcelona), ambos especialistas em linfomas agressivos. Segundo a Dra. Bastos, “com este estudo queremos identificar rapidamente os pacientes que não apresentam resposta profunda com a monoterapia, assim como aqueles que conseguem essa resposta após um ano, para interromper o tratamento”.
O estudo utilizará técnicas moleculares avançadas para detectar a doença residual mínima, ou seja, pequenas quantidades de células doentes que ainda podem estar presentes no organismo. Isso permitirá agir precocemente antes de uma possível recaída, aumentando as chances de controle da doença. A meta é oferecer ao paciente com linfoma B um tratamento adaptado à sua evolução clínica.
Por que esse estudo é importante para os pacientes com Linfoma B
Pacientes com linfoma B que não respondem bem aos tratamentos convencionais enfrentam grandes desafios. Esse novo modelo de tratamento busca oferecer uma alternativa mais ajustada às necessidades de cada pessoa, com menor risco de efeitos colaterais e melhores resultados. “Este estudo é diferencial porque nos permitirá analisar a possibilidade de interromper o tratamento se houver resposta profunda, ou aumentá-lo se não for suficiente”, explica o Dr. Abrisqueta.
Para pacientes e familiares, isso significa esperança de um cuidado mais individualizado, baseado em dados e resultados reais. Além disso, essa abordagem pode servir como referência para futuros tratamentos que considerem as diferenças entre os pacientes com linfoma B.
Colaboração que acelera avanços na hematologia
O estudo é promovido por GELTAMO com o apoio da AbbVie. Parte da medicação será fornecida pela empresa Incyte. Especialistas reforçam que a parceria entre grupos de pesquisa e empresas farmacêuticas é essencial para acelerar o acesso a terapias inovadoras e atender pacientes com necessidades ainda não cobertas.
O Dr. Armando López Guillermo, presidente do GELTAMO e presidente eleito da Sociedade Espanhola de Hematologia, afirma: “a colaboração entre farmacêuticas e centros de pesquisa é fundamental para acelerar a chegada de novos tratamentos aos pacientes”. Luis Nudelman, diretor médico da AbbVie Espanha, também destacou que este é o primeiro estudo desse tipo com um anticorpo biespecífico desenvolvido no país, o que evidencia o alto nível da pesquisa clínica espanhola.
Um passo em direção à medicina verdadeiramente personalizada
O estudo REPIFIR reunirá dados importantes sobre como cada paciente responde ao epcoritamabe. Esses dados poderão servir de base para decisões clínicas mais precisas e adaptadas. Como afirmou a Dra. Bastos: “Nem todos os pacientes são iguais. Precisamos de terapias personalizadas, que se ajustem às necessidades de cada um”.
Esse novo ensaio representa uma esperança real para pacientes com linfoma B em recaída, ao propor um modelo de tratamento mais flexível, baseado em evidências e centrado na pessoa.