Uma nova forma de diabetes relacionada à desnutrição, conhecida como diabetes tipo 5, foi oficialmente reconhecida como diagnóstico pela Federação Internacional de Diabetes. Afeta milhões de pessoas em países de baixa renda.
A Federação Internacional de Diabetes (IDF) anunciou oficialmente o reconhecimento da diabetes tipo 5 como um diagnóstico médico independente. Essa forma da doença foi identificada pela primeira vez em países em desenvolvimento na metade do século XX, mas até agora não contava com uma classificação formal. Seu reconhecimento abre caminho para novas linhas de pesquisa e tratamento.
Ao contrário dos tipos mais conhecidos, esse diagnóstico da diabetes está relacionado à desnutrição crônica, e não ao excesso de peso ou a doenças autoimunes. Estima-se que entre 20 e 25 milhões de pessoas no mundo vivam com essa condição, especialmente em regiões como Ásia, África e América Latina.
Um tipo de diabetes ligado à desnutrição
A diabetes tipo 5 aparece principalmente em adolescentes e jovens adultos magros e desnutridos, especialmente em países de baixa e média renda. Trata-se de uma forma de diabetes grave por deficiência de insulina, com controle metabólico muito deficiente e complicações frequentes.
A origem dessa condição está ligada ao desenvolvimento anormal do pâncreas durante a infância ou adolescência, provocado por deficiências nutricionais prolongadas. Além disso, foi identificado um componente genético hereditário, que aumenta o risco de desenvolver essa forma de diabetes se um dos pais for portador de uma mutação específica.
Diferenças em relação a outros tipos de diabetes
Enquanto a diabetes tipo 1 é causada por uma resposta autoimune que destrói as células produtoras de insulina, e a tipo 2 pela resistência do organismo à insulina, a tipo 5 tem uma base completamente diferente. Sua principal causa é a desnutrição prolongada, e sua manifestação clínica pode ser confundida com outros tipos.
Essa confusão pode ter consequências graves. Muitos pacientes são diagnosticados erroneamente com diabetes tipo 1 e recebem doses elevadas de insulina sem necessidade real, o que pode ser perigoso. Por isso, estabelecer um diagnóstico correto da diabetes tipo 5 é urgente e necessário.
Uma nova abordagem internacional para estudá-la
Durante o Congresso Mundial de Diabetes 2025 em Bangkok, o presidente da IDF, Peter Schwarz, anunciou a criação de um grupo de trabalho internacional para definir critérios diagnósticos específicos e desenvolver diretrizes terapêuticas adaptadas. Essa iniciativa busca preencher uma lacuna histórica na medicina global.
A equipe será liderada pela Dra. Meredith Hawkins (Albert Einstein College of Medicine, EUA) e pelo Dr. Nihal Thomas (Christian Medical College, Índia). Também será criado um registro mundial de pesquisa e módulos educativos para capacitar profissionais da saúde, especialmente em contextos com poucos recursos.
Falta de tratamento e esperança na intervenção nutricional
Atualmente, não existe um tratamento padrão para essa forma de diabetes. A Dra. Hawkins destacou que muitos pacientes não sobrevivem mais de um ano após o diagnóstico, o que reflete a gravidade da condição e a urgência no desenvolvimento de abordagens terapêuticas eficazes.
Estão sendo recomendadas dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos, com foco na correção de deficiências de micronutrientes. Embora essas sejam medidas iniciais, o reconhecimento oficial da diabetes tipo 5 como diagnóstico permitirá o avanço de estudos clínicos e estratégias de saúde pública focadas em seu controle e prevenção.
Bibliografia:
- Federação Internacional de Diabetes – https://idf.org
- Global Diabetes Institute, Albert Einstein College of Medicine
- Christian Medical College, Vellore, Índia
- Arquivos da Organização Mundial da Saúde (classificações de diabetes e desnutrição)
- Congresso Mundial de Diabetes 2025 (Bangkok)